sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Desafios de BH após 117 anos

Vista da região Central de BH e Praça 7. (Foto: Danilo Emerich)

Desafios de BH após 117 anos

Danilo Emerich

A capital mineira completa 117 anos de existência nesta sexta-feira (12). Mudei-me para Beagá há cerca de quatro anos. Um jovem do interior que ficava assustado com o intenso vai e vem de carros e pessoas para todos os lados. Após alguns meses, já estava apaixonado por esta cidade cheia de morros e montanhas, muito diferente da minha cidade de origem, Ipatinga, no Leste de Minas.

São 117 anos, mas ainda muitos desafios pela frente. Aqui alguns deles e como amenizar um pouco a situação:

Mobilidade Urbana:
BH enfrenta congestionamentos até aos domingos. Desde 6h até 23h, dependendo do local onde você esteja. Se perguntar para os belo-horizontinos o que mais irrita na cidade, a maior parte deles vão falar o trânsito. Algo natural em uma das maiores metrópoles do país. Por isso, temos um desafio neste ponto.

A capital conta com apenas uma linha de metrô obsoleta e sobrecarregada e é essencial para melhorar a mobilidade. O BRT/Move veio para ajudar, mas não resolve. É preciso mais vias exclusivas para o transporte coletivo, melhor funcionamento dos ônibus de madrugada. Além disso, é preciso estimular a criação de novos centros econômicos, para evitar o deslocamento de pessoas até o Centro. Outra boa saída seria ampliar as ciclovias e conectá-las. 

Segurança:
Como todo grande centro urbano, também há maior concentração de pessoas que querem se aproveitar de outros. Mas há medidas que podem ajudar por parte do poder público e da população, como a ampliação do efetivo das polícias Militar e Civil; Expansão do projeto de câmeras do Olho Vivo; Melhor comunicação entre comerciantes e comandos das forças de segurança; Melhor uso da rede de vizinhos e comerciantes protegidos; Aproximação da PM com a comunidade em aglomerados (favelas); Expansão para todas as escolas públicas e privadas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd); entre outras medidas.

Desigualdade social:
Vemos regiões muito ricas em BH, como a Centro-Sul, e outras mais carentes, que precisam de mais investimentos, como a Norte. Assim como para a mobilidade urbana, a criação de novos pólos econômicos também ajudaria a reduzir esta desigualdade. Isso pode ser feito oferecendo incentivos fiscais para criação de novas empresas nos pontos carentes, além da flexibilização construtivos. Outra medida é combater a invasão e ocupação desordenada de terrenos e ampliar o Programa Minha Casa, Minha Vida para estas pessoas.

Também é preciso olhar para o problema da população em situação de rua. É preciso a construção de mais abrigos (locais descentes), repúblicas e pousadas públicas. É necessário expansão do programas sociais e de saúde de aproximação com estes moradores e não simplesmente recolher os pertences deles e deixá-los ao relento. Expulsá-los para outro lugar só transferia o problema para outro local.

Saúde:
Aqui temos um um gargalo. Cerca de 50% da população de BH usa a rede privada para o tratamento próprio. E mesmo nesta rede complementar há falta de leitos. Já foi aprovado o projeto de lei de flexibilização do potencial construtivo em BH, em 2013, para a expansão dos hospitais. Falta estas empresas fazerem os investimentos agora.

Na rede pública, vemos longas esperas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em alguns centros de saúde. É preciso melhor capacitação dos profissionais, além de aumentar a quantidade dos mesmos nestas unidades. É preciso investimento na atenção básica, para evitar que o paciente com apenas uma dor de cabeça ou enjoo vá à UPA e dispute vaga com outros casos de maior gravidade. Ampliar o Programa Saúde da Família (PSF) e melhorias nos centros de saúde poderia ajudar neste questão.

Educação:
Neste ponto a solução que vejo não pode ser diferente. Melhor aparelhamento das escolas públicas e capacitação dos professores. Além disso, é preciso valorizar os educadores, aplicando, no mínimo, o piso nacional da categoria, o que na rede estadual, não existe (criaram o subsídio e juntaram todos os penduricalhos dos professores em um só valor para justificar o pagamento do piso. A medida acabou reduzindo os vencimentos de muitos profissionais).

Fique a vontade para dar sugestões de como BH pode melhorar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Custo com desapropriações supera valor da implantação da Via 710

Remoções próximo da avenida José Cândido Silveira. Foto: Ricardo Bastos

Custo com desapropriações supera valor da implantação da Via 710


Danilo Emerich

O valor das desapropriações e remoções para a construção da Via 710, que interligará as regiões Leste e Nordeste de Belo Horizonte, irá superar em 12% o preço da própria obra. A avenida é feita com recursos federais e chegou a ser anunciada na matriz de responsabilidades da Copa do Mundo. A previsão inicial de entrega era para antes do Mundial, mas só deverá ser concluída, segundo a prefeitura, até junho de 2016.
Neste último sábado (29), sete novos terrenos, no bairro Dom Joaquim, na região Nordeste de Belo Horizonte, atrás do Minas Shopping, foram declarados como utilidade pública e os moradores deverão ser desapropriados, conforme publicação no Diário Oficial do Município (DOM).
Segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), ao todo,  a obra exigirá 206 desapropriações e 346 remoções, que foram iniciadas no segundo semetre de 2012. Com os procedimentos serão gastos R$ 75,2 milhões. O valor deverá ser ainda maior, em função de ações judiciais questionando o valor das indenizações.
A Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) informou que até o momento foram realizadas 70 remoções. Os procedimentos foram feitos em vila, próximo a Estação José Cândido. O número de desaproapriações já concluídas não foi informado.
Já a construção da Via 710 em si exigirá um investimento total de R$ 66,1 milhões. Os recursos estão assegurados no Programa de Acelaração do Crescimento (PAC). Segundo Portal da Transparência Copa, o valor original da intervenção era de R$ 78 milhões, mas foi diminuído, segundo a Sudecap.
Em setembro, a Sudecap assinou a ordem de serviço para executar as obras de implantação de um novo trecho da Via 710. A intervenção promoverá o acesso entre duas regiões da capital e tem seu início na avenida dos Andradas e termina na avenida Cristiano Machado. Será um corredor viário de alta capacidade sem passagem pelo Centro.

 O que a obra prevê:
- Implantação de via com duas a quatro faixas de rolamento por sentido, com ciclovia, passeios, canteiro central e sinalização vertical e horizontal; 

· Construção de passagem em trincheira nas proximidades da avenida Contagem com as ruas Gustavo da Silveira e Conceição do Pará;

· Alargamento e construção de passarela de pedestres em pré-moldado, anexo ao viaduto da rua Minduri;

· Construção de viadutos, alças de acesso e passarelas de pedestres no cruzamento da Via 710 com avenida José Cândido da Silveira;

· Construção do viaduto da rua Bolivar sobre a linha do metrô, Via 710 e ruas Lauro Gomes Vidal e Arthur de Sá, ligando os bairros União e Dom Joaquim;

· Construção de túnel em método não destrutivo, para implantação da rede de drenagem;
· Implantação de paisagismo e sistema de irrigação;

· Recuperação de pavimento asfáltico, inclusive reforço do subleito, e alargamento de pista;
· Construção de galeria celular em concreto armado;

· Implantação de rede de drenagem em tubo de concreto armado;

· Implantação de contenções em cortina atirantada e em terra armada;

· Recuperação de pavimento asfáltico nas vias utilizadas para desvio de tráfego;
· Prolongamento da passarela na rua Quaquarema.


Projeto da futura Via 710. Foto: Reprodução / Hoje em Dia