Ar-condicionado não dá conta do recado com ônibus lotados. Foto: Flávio Tavares |
Falhas em ar-condicionado impõem sufoco para passageiros do Move
Mesmo no inverno, Belo
Horizonte registra dias quentes, como na última terça-feira, atingindo a casa
dos 33º C. Uma viagem em um ônibus com ar-condicionado ameniza o sofrimento para
os passageiros. No entanto, e se o aparelho estiver quebrado e o usuário tiver
que enfrentar o coletivo lotado e sem a possibilidade de abrir as janelas?
Está é a realidade em
várias viagens do Move, desde a sua implantação, em 8 de março. Passageiros e
motoristas ouvidos pelo blog Um Outro Olhar para Belo Horizonte afirmam que defeitos do ar-condicionado são
frequentes e o maior motivo para substituição de veículos.
Anteontem, foi a vez
do ônibus da Linha 51, que saiu lotado, às 6h03, da Estação Pampulha em
direção a Área Hospitalar. Passageiros relataram que os vidros embaçaram durante
a viagem, obrigando o motorista abrir a porta para circular ar pelo veículo.
O condutor de um
ônibus da linha 66 (Estação Vilarinho/Centro/Hospitais), que não se identificou,
disse que o equipamento já quebrou seis vezes com ele. “Não temos o que fazer.
Terminamos a viagem e, depois, recolhemos o carro para a garagem”, afirmou.
Também há situações que os motoristas esquecem de ligar o ar-condicionado, como
diz o condutor de um veículo da linha 65 (Estação Vilarinho/Centro), que também
não se identificou.
Problemas no aparelho são frequentes segundo passageiros. Foto Wesley Rodrigues |
Nem a BHTrans
ou o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (SetraBH)
informaram o número de ônibus que tiveram que interromper as viagens e ser
recolhidos para as garagens devido a quebra do ar-condicionado. Também não foi
divulgado o número de reclamações feitas, por passageiros sobre o assunto, pelo
telefone 156 ou no portal www.bhtrans.pbh.gov.br.
As modelos Jéssica
Horta, de 18 anos, e Camila Rodriguez, de 14, reclamam que a situação é a falha
do ar-condicionado é recorrente e já passaram mal devido ao calor excessivo.
“Desmaiei uma vez. Fica tudo abafado e os vidros embaçados”, disse Camila.
O defeito é passível
de multa de R$ 388,23 se flagrado pela equipe de fiscalização da BHTrans.
Porém, o órgão informou que nenhuma multa do tipo foi aplicada pelo problema
desde a inauguração do Move e que todos os veículos passam por uma vistoria
antes de entrar em operação.
O SetraBH, por
meio de sua assessoria de imprensa, informou que as falhas são pontuais e os
aparelhos estão dentro do período de garantia do fabricante. “Quando ocorre um
defeito no ar-condicionado enquanto em operação, o veículo conclui a viagem,
desembarca os passageiros e recolhe para a garagem para fazer o reparo”,
informou em nota.
Depoimentos
“Já aconteceu algumas vezes comigo de pegar um ônibus do Move sem o ar-condicionado. Incomoda, mas a gente tem que aguentar”.
O aposentado de 72 anos, aprova o conforto do aparelho, quando funciona.
“Peguei três ônibus nesta situação. Pela manhã, ônibus lotado e abafado e não dá para abrir as janelas. Outros passageiros reclamaram, mas o motorista falou que não podia fazer nada”.
A estudante de 18 anos pega o Move todos os dias e diz que problema não é raro.
“Nos horários de pico e ao meio-dia são os piores horários. Com o Move lotado, mesmo com o ar-condicionado ligado, o aparelho não dá conta e fica muito abafado”
A educadora de 26 anos reclama que a situação é difícil quando o aparelho funciona e sem ele fica muito pior
Metrô também impõe "sauna"
O sufoco enfrentado no
metrô de Belo Horizonte deverá ser amenizado a partir do primeiro semestre do
próximo ano. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o atual
sistema de apenas 16 ventiladores por composição será substituído pelos novos
trens com ar-condicionado com capacidade para comportar até 1.300 passageiros
por viagem.
A entrega do primeiro
dos dez trens encomendados está prevista para novembro de 2014, mas deverá
passar por um período de testes antes de ser colocado para operação comercial. A
CBTU informou que os vagões já foram adquiridos com sistema de ar condicionado
instalado de fábrica.
Eles também terão
revestimento resistente ao fogo, baterias de emergências, dispositivos de
comunicação multimídia, sistema eletrônico de monitoramento, comunicação móvel
de voz e dados e dispositivos de acionamento automático em emergências e
sistemas sonoros. Além disso, contarão com piso antiderrapante, assentos
preferenciais, banco para obesos e portas com rampa retrátil para cadeirantes e
pessoas com mobilidade reduzida.
Até lá, os passageiros
terão que continuar a enfrentar o calor nos vagões lotados. A artesã Jussara
Santiago, de 59 anos, anda no metrô quase todos os dias, sempre em horário de
pico. Ela diz que já sentiu tonturas durante as viagens. “Todos ficam irritados
e já vi até pessoas desmaiando”, afirma.
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