segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Move deixa passageiros a pé

Move deixa passageiros a pé


Passageiros de alguns bairros estão sem conexão com o Move
Foto: Lucas Prates
Danilo Emerich

Implantado para oferecer mais conforto e rapidez nas viagens, o Move está impondo a experiência contrária para alguns passageiros. A remoção e substituição de linhas convencionais fizeram com que os usuários andassem mais para conseguir embarcar nos ônibus ou até ficassem desassistidos pelos coletivos.
A BHTrans não informou a quantidade de linhas que tiveram o itinerário alterado desde a estreia do Move, em 8 de março, ou o número de reclamações dos passageiros em função das mudanças. A Associação dos Usuários de Transporte Coletivo (AUTC) da Grande BH pretende fechar um levantamento sobre o tema em até 15 dias e entregar uma representação ao Ministério Público Estadual (MPE).
Segundo o secretário-geral da entidade, Francisco de Assis Maciel, houve uma “drástica” supressão de serviço, mas a remuneração das concessionárias permaneceu a mesma. “Também queremos cobrar a fiscalização da superlotação dos coletivos, pois o regimento cobra multa por isso. Não estamos falando dos veículos articulados, pois as viagens nele são boas. O problema são nos ônibus convencionais antes e depois do Move. Reduziu-se linhas, quadro de horários e itinerários”, afirmou.
PREJUDICADOS 
Uma das linhas que foi alterada é a 634 (Estação Vilarinho/Nova York via Jardim dos Comerciários), que substituiu a 601, na região de Venda Nova. O itinerário foi alterado da rua Padre Pedro Pinto para a avenida Vilarinho, mas após a reclamação dos usuários, o trajeto retornou ao anterior.
Um dos prejudicados é o porteiro Adriano Pereira, de 35 anos. Ele diz que antes pegava a linha 601 e agora precisa caminhar mais para chegar ao ponto. “O 634 não passa na Estação Venda Nova. Chego a andar 15 minutos a mais todos os dias”, reclama.
Já a vendedora Miriã do Carmo Araújo, de 29 anos, lembra que antes do Move, gastava apenas uma passagem para visitar parentes no bairro Comerciários. “Agora eu gasto duas passagens, pois temos menos opções de ônibus e precisamos fazer baldeação”, disse.

O comércio também sente os efeitos da menor circulação de ônibus. Para o comerciante Waltencir Santana de Araújo, de 62 anos, muitas linhas foram transferidas da rua Padre Pedro Pinto, para a avenida Vilarinho, reduzindo a circulação de pessoas. “Alguns vizinhos já fecharam. Estou vendendo 70% menos. Se continuar assim. Vou acabar fechando”, afirma o empresário com uma loja há 35 anos em Venda Nova.
Passageiros da linha 4108 (Pedro II/Mangabeiras), que chegou a ser extinta, também reclamaram e formaram uma comissão para se exigir o atendimento ao bairro Jardim Montanhês. O itinerário retornou a atender a comunidade no dia 13 de junho.
Segundo a assessoria de imprensa da BHTrans, ao longo da implantação do Move, várias linhas foram criadas, houve melhorias nos quadros de horários e alguns itinerários foram alterados sempre com o objetivo de melhor atender a demanda dos usuários.
“A BHTrans monitora o sistema e na medida em que são constatadas necessidades de ajustes, eles são feitos. As sugestões e reclamações são avaliadas e implementadas quando há viabilidade”, informou em nota.

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